sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Para pensar um pouco!

'Conhecer e lidar com pessoas precisa de habilidade, não é pra qualquer um"
(Texto de Max Gehringer )

Durante minha vida profissional, eu topei com algumas figuras cujo sucesso
surpreende muita gente. Figuras sem um Vistoso currículo acadêmico, sem um
grande diferencial técnico, sem muito networking ou marketing pessoal.
Figuras como o Raul.

Eu conheço o Raul desde os tempos da faculdade. Na época, nós tínhamos um
colega de classe, o Pena, que era um gênio. Na hora de fazer um trabalho em
grupo, todos nós queríamos cair no grupo do Pena, porque o Pena fazia tudo
sozinho. Ele escolhia o tema, pesquisava os livros, redigia muito bem e
ainda desenhava a capa do trabalho - com tinta Nanquim. Já o Raul, nem dava
palpite. Ficava ali num canto, dizendo que seu papel no grupo era um só,
apoiar o Pena. Qualquer coisa que o Pena precisasse, o Raul já estava
providenciando, antes que o Pena concluísse a frase.

Deu no que deu.
O Pena se formou em primeiro lugar na nossa turma. E o resto
de nós passou meio na carona do Pena - que, além de nos dar uma
colher de chá nos trabalhos, ainda permitia que a gente colasse dele nas
provas. No dia da formatura, o diretor da escola chamou o Pena de "paradigma do
estudante que enobrece esta instituição de ensino".

E o Raul ali, na terceira fila, só aplaudindo.
Dez anos depois, o Pena era a estrela da área de planejamento de uma multinacional. Brilhante como sempre, ele fazia admiráveis projeções estratégicas de cinco e dez anos.
E quem era o chefe do Pena?
O Raul.

E como é que o Raul tinha conseguido chegar àquela posição?

Ninguém na empresa sabia explicar direito. O Raul vivia repetindo que tinha
subordinados melhores do que ele, e ninguém ali parecia discordar de tal
afirmação. Além disso, o Raul continuava a fazer o que fazia na escola, ele
apoiava. Alguém tinha um problema? Era só falar com o Raul que o Raul dava
um jeito.
Meu último contato com o Raul foi há um ano. Ele havia sido transferido para
Miami, onde fica a sede da empresa.
Quando conversou comigo, o Raul disse que havia ficado surpreso com o convite. Porque, ali na matriz, o mais burrinho já tinha sido astronauta.
E eu perguntei ao Raul qual era a função dele. Pergunta inócua, porque eu
já sabia a resposta. O Raul apoiava. Direcionava daqui, facilitava dali, essas
coisas que, na teoria, ninguém precisaria mandar um brasileiro até Miami
para fazer. Foi quando, num evento em São Paulo , eu conheci o
Vice-presidente de recursos humanos da empresa do Raul. E ele me contou que o Raul tinha uma
habilidade de valor inestimável:... ele entendia de gente. Entendia tanto
que não se preocupava em ficar à sombra dos próprios subordinados para fazer
com que eles se sentissem melhor, e fossem mais produtivos. E, para me
explicar o Raul, o vice-presidente citou Samuel Butler, que eu não sei ao
certo quem foi, mas que tem uma frase ótima:
'Qualquer tolo pode pintar um quadro, mas só um gênio consegue vendê-lo'.

Essa era a habilidade aparentemente simples que o Raul tinha, de facilitar
as relações entre as pessoas. Perto do Raul, todo comprador normal se sentia
um expert, e todo pintor comum, um gênio. Essa era a principal competência dele.

'Há grandes Homens que fazem com que todos se sintam pequenos.
Mas, o verdadeiro Grande Homem é aquele que faz com que todos se sintam Grande'.

Pense nisso!
Beijosss

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